Muito se tem falado sobre a difícil situação financeira dos brasileiros. Também não é para menos, de acordo com a última pesquisa do Serasa, temos hoje, no Brasil, 72,46 milhões de pessoas com dívidas em atraso, portanto, inadimplentes. Isso representa cerca de 44% da população adulta do País.
Na mesma pesquisa, o Serasa aponta que os brasileiros com idade entre 41 e 60 anos representam a maior fatia da população com nomes com restrição – 35,1%. Na sequência estão as faixas etárias de 26 a 40 anos, com 34,0%, depois os acima de 60 anos com 19,0% e os jovens entre 18 a 25 anos com 11,8%.
No mesmo período do ano passado, o número de pessoas inadimplentes era de 71,74 milhões. Ou seja, em 12 meses, tivemos aumento de 720.000 pessoas que não conseguiram honrar os seus compromissos em dia.
A situação poderia ser ainda mais grave não fosse o Programa Desenrola, instituído pelo Governo Federal o qual, segundo fontes oficiais (https://www.gov.br/fazenda/pt-br) beneficiou 5 milhões de pessoas que estavam inadimplentes.
Não conseguir pagar as dívidas em dia é algo ruim para todos, independentemente da idade. No entanto, essa condição pode ser ainda mais danosa para os jovens (de 18 a 25 anos) e para os idosos (acima de 60 anos), por razões distintas – muitos desses jovens já são inscritos nos cadastros restritivos mesmo antes de conseguir o primeiro trabalho e isso pode tornar-se um empecilho no momento da contratação.
Já os idosos, em sua maioria aposentados e sem possibilidade de aumento real de renda, enfrentam dificuldades para pagar as contas em dia. Parcela considerável desse grupo já está privada de itens básicos como água, energia elétrica e gás.
As causas apontadas para essa triste situação são variadas, mas uma das principais é a falta de consciência da maioria da população sobre a importância do planejamento financeiro pessoal e familiar.
Apesar de ser uma coisa que parece óbvia, a falta de controle financeiro por parte das pessoas é resultante da ausência de conhecimentos elementares em educação financeira. Com raras exceções, esse tema ainda não figura no currículo de nossas escolas e também não é debatido nem ensinado aos funcionários no âmbito das empresas.
Também no seio das famílias, a gestão do dinheiro ainda é tabu para a maioria dos casais e as consequências disso já são conhecidas – desentendimento, brigas e separação conjugal. Outro resultado da falta de diálogo familiar é o que os estudiosos chamam de “infidelidade financeira”, que é caracterizada quando alguém mente ou omite informações financeira para o seu cônjuge.
Sem dúvidas, essa progressão preocupante do número de inadimplentes precisa ser, urgentemente, estancada. Para isso, é fundamental a implementação de uma política que traga ensino sobre educação financeira para as pessoas de todas as idades – crianças, jovens, adultos e idosos. Enquanto isso não acontece resta-nos, tanto no âmbito individual quanto no familiar, a tarefa de dedicar plena atenção a esse tema, que tem afetado milhões de pessoas no nosso país.
No mais, é sempre bom lembrar que, independentemente do montante da nossa renda, o fundamental mesmo é o cuidado e a forma com que gastamos o nosso dinheiro – seja pouco seja muito.
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(*) Manoel Souza é administrador, funcionário aposentado do BB, educador financeiro, mediador judicial e diretor da AFABB-DF.
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