Cartão de Crédito: compras instantâneas, dívidas infindáveis (* Manoel Souza )

O cartão de crédito é um instrumento de pagamento extremamente difundido no Brasil e no mundo. Ele une a funcionalidade de pagamento à possibilidade de crédito, o que o torna uma ferramenta extremamente útil.

Tão popular nos dias de hoje, nasceu nos EUA em meados do século passado, revolucionando os pagamentos ao permitir que consumidores comprassem bens e serviços sem usar dinheiro físico imediatamente.

A história mais conhecida sobre a origem do cartão de crédito é que Frank McNamara, um empresário de Nova York, foi jantar em um restaurante e esqueceu de levar a  carteira. Esse episódio o fez pensar em um método mais conveniente de pagamento.

Assim, em 1950, McNamara e seu sócio Ralph Schneider lançaram o Diners Club Card, que possibilitava aos clientes pagar suas contas em restaurantes e outros estabelecimentos afiliados. Este foi o marco inicial na história do cartão de crédito.

No Brasil, esse meio de pagamento começou a se popularizar a partir de 1970, mas o grande salto veio com a estabilização da economia a partir da década de 1990, que possibilitou a expansão do crédito e o crescimento  de compras online. Segundo dados do Banco Central, o número de cartões em 2023 era de 213,3 milhões.

                                                                                                                                          O cartão de crédito é uma ferramenta

                                                                                                                                          financeira poderosa, mas não é a so-

                                                                                                                                          lução para corrigir a falta de dinheiro.

                                                                                                                                          Seu uso exige atenção, planejamento

                                                                                                                                          e responsabilidade.

São várias as vantagens do uso do cartão de crédito, como por exemplo:

• permite realizar compras presencialmente ou online, concentrando os gastos de um período em uma única data;
• oferece programas de fidelidade com vários benefícios, como pontos e milhas que podem ser trocados por produtos e passagens aéreas, cashback que devolve parte da quantia gasta na fatura ou em contas futuras;
• permite rastrear as transações, dando condições para contestação em caso de fraude; e
• oferece a possibilidade de parcelar o valor das compras, o que facilita a aquisição de bens duráveis ou serviços.

Mas o uso do cartão de crédito também exige muito zelo e atenção. Começando com o estabelecimento de um valor máximo de gastos compatível com o orçamento mensal, tendo sempre o cuidado de evitar compras por impulso e o excesso de parcelamento,  que pode resultar no endividamento fora de controle.

Também é muito importante pagar o valor total da fatura , pois o pagamento parcial transfere o saldo devedor para o crédito rotativo, que tem juros estratosféricos. Segundo dados de agosto de 2025 do Banco Central, a média fica em torno de 432,2% ao ano.

A falta de cuidado no uso do cartão de crédito tem criado dificuldades para milhares de pessoas. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) –, em julho de 2025, mais da metade dos entrevistados não controla os gastos com cartão de crédito. No mesmo levantamento, 82% dos consumidores que utilizam o rotativo não sabem a taxa de juros mensal cobrada, sendo que mais da metade deles não conseguem quitar essas dívidas dentro do prazo.

Como sabemos, o cartão de crédito é uma ferramenta financeira poderosa, capaz de facilitar o dia a dia, ampliar o acesso ao consumo e oferecer benefícios relevantes. No entanto, ele não é a solução para corrigir a falta de dinheiro. Seu uso exige atenção, planejamento e responsabilidade.

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 Manoel Souza é Administrador, Funcionário aposentado do BB,  Diretor da AFABB-DF e  Conselheiro da FAABB