Home » Como problemas de visão e colesterol podem aumentar risco de demência
Fatores de risco para a doença incluem agora 14 problemas de saúde
Tratar problemas de visão e colesterol alto são duas novas maneiras de reduzir o risco de desenvolvimento de demência, sugere um importante relatório.
Cientistas identificaram 14 problemas de saúde que, se reduzidos ou eliminados, poderiam teoricamente prevenir quase metade dos casos de demência no mundo.
Pessoas de meia-idade e paÃses mais pobres têm mais a ganhar ao focar nesses fatores de risco, afirma o mais recente relatório da Comissão Lancet sobre o assunto.
O relatório prevê que o número de pessoas vivendo com demência pode mais que dobrar, chegando a 153 milhões até 2050.
‘Nunca é tarde demais’
A demência ocorre quando uma doença, como o Alzheimer, danifica as células nervosas do cérebro, levando à confusão e à perda de memória – mas não é uma parte inevitável do envelhecimento.
A maior parte das razões pelas quais desenvolvemos demência está relacionada a fatores que não podemos controlar, como os genes herdados de nossos pais e avós.
No entanto, 45% do risco pode ser modificado, segundo especialistas internacionais, e assim, pode ser reduzido.
“Nunca é cedo demais ou tarde demais para agir”, diz a autora principal do relatório, a professora Gill Livingston, da University College London, no Reino Unido.
“Os governos devem reduzir as desigualdades de risco, tornando estilos de vida saudáveis o mais acessÃvel possÃvel para todos.”
Os pesquisadores elaboraram uma lista de recomendações que os paÃses ao redor do mundo devem focar, que inclui:
‘Mais isolado’
Alguns fatores apresentam maior risco do que outros, sugere o relatório. Por exemplo, estima-se que a perda auditiva e o colesterol alto são responsáveis pela maioria dos casos de demência evitável (7% cada).
Na juventude, a falta de educação é um fator determinante, enquanto, na velhice, o isolamento social e problemas de visão representam grandes riscos.
Alguns especialistas são mais cautelosos sobre as conclusões das evidências.
A professora Tara Spires-Jones, diretora do Centro de Ciências do Cérebro da Descoberta na Universidade de Edimburgo, disse que esse tipo de pesquisa não pode vincular conclusivamente nenhum desses fatores diretamente à demência.
No entanto, ela afirmou que contribui para o crescente corpo de evidências de que um estilo de vida saudável “pode aumentar a resiliência do cérebro e prevenir a demência”.
“Devemos ter cuidado para não insinuar que pessoas com demência poderiam tê-la evitado se tivessem feito escolhas de estilo de vida diferentes,” disse o professor Charles Marshall, da Queen Mary University of London, no Reino Unido.
Ela acrescentou que a maior parte do risco individual de desenvolver demência está fora do controle das pessoas.
Samantha Benham-Hermetz, da organização Alzheimer’s Research UK, descreveu as descobertas do relatório como “revolucionárias”.
“Muitas pessoas pensam na demência como algo que acontece com pessoas mais velhas, mas a demência não é uma parte inevitável do envelhecimento.”
Então, como a perda de visão pode estar ligada à demência?
Os cientistas não sabem exatamente, mas sugerem que, na velhice, isso pode estar relacionado à atrofia cerebral, pois o cérebro não precisa mais processar certos aspectos da visão.
A perda de visão também pode “restringir a vida das pessoas, fazendo com que saiam menos, fiquem mais isoladas e tenham menos novas experiências”, diz Livingston.
Em muitos sistemas de saúde, problemas de visão podem ser tratados. No entanto, isso é um problema maior em paÃses de baixa renda que não possuem os mesmos recursos.
Há razões para ser otimista – apesar das pessoas viverem mais, houve uma redução na demência em paÃses de alta renda, o que se acredita ser devido a mudanças no estilo de vida, como a diminuição do número de fumantes.
No entanto, o aumento da expectativa de vida está elevando os casos de demência em paÃses de baixa renda.
“Doze anos atrás, você diria que não há nada que se possa fazer sobre a demência – mas isso realmente não é o caso”, diz a professora Livingston.
Fonte: BBC News Brasil, reportagem de Philippa Roxby
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