De acordo com a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comério (CNC), 77% das famílias relataram ter dívidas a vencer com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações diversas.
Ter dívidas por si só não é nenhum problema. O que é preocupante mesmo são dois detalhes também mostrados pela pesquisa da CNC: 29,4% das famílias endividadas estão inadimplentes, ou seja, não conseguiram quitar os compromissos em dia, e 12,9% afirmaram que não tem condições de pagar as dívidas em atraso.
De modo geral, as causas para o nível elevado de endividamento e inadimplência das famílias já são bem conhecidas, como, por exemplo, falta de planejamento, uso inadequado do crédito, impulsividade para o consumo, excesso de compras a prazo, além de perda do emprego e/ou diminuição da renda.
Mas talvez o mais grave de tudo é que as questões financeiras normalmente não estão entre as prioridades a serem discutidas e resolvidas no seio familiar. O resultado dessa falta de diálogo também é mostrado em muitas pesquisas – quase metade dos casais brigam por conta do dinheiro.
“Infidelidade financeira acontece quando alguém esconde informações ou toma decisões sem o conhecimento do cônjuge”.
Também contribuindo para a falta de entendimento, muitas pessoas admitem que escondem informações ou tomam decisões sem o conhecimento ou o consentimento do cônjuge, caracterizando, dessa forma, a famigerada “infidelidade financeira”. A existência, por exemplo, de contas bancárias secretas, dívidas ocultas e investimentos camuflados em nome do marido ou da esposa tem feito parte das principais causas de rompimento e separação conjugal.
Claro que não conhecemos uma fórmula mágica para evitar problemas relacionados às finanças no âmbito familiar, até porque os cônjuges podem ter conhecimentos, posturas e perfis diferentes em relação ao dinheiro. Mas, por outro lado, existem duas ferramentas poderosas que podem levar o casal ao atingimento dos objetivos financeiros: diálogo permanente e planejamento consensual.
Nesse sentido, em primeiro lugar, é sempre bom lembrar que as questões financeiras devem merecer atenção de todos na família. Isso inclui conhecer bem as fontes de receitas, as despesas mensais e também a economia necessária visando o atingimento dos objetivos futuros. A esse respeito, veja o texto 2, “Orçamento pessoal e familiar – simples e eficaz”, publicado em 4.11.2024.
Na sequência, é preciso definir também outras alternativas importantes: considerar tudo em comum no âmbito dos cônjuges (receitas e despesas), ou administrar de forma separada, mas de maneira justa. Também os filhos, dentro da maturidade de cada um, devem participar e ser orientados sobre as metas da família. O fundamental mesmo é que os caminhos escolhidos tenham a concordância e o engajamento de todos.
Contribuindo nesta reflexão, eis uma frase do evangelista Billy Graham: “Se uma pessoa adquire a atitude correta em relação ao dinheiro, isso ajudará a endireitar quase todas as outras áreas de sua vida”.
Que seja assim no âmbito da nossa família – finanças equilibradas e sem brigas.
Manoel Souza é administrador, Diretor da AFABB-DF, Conselheiro da FAABB e do Programa Providência.
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